quarta-feira, 22 de março de 2017

Havemos de Falar


Peço perdão 
à sindicância das palavras:

Havemos de falar de amor, 
e de rios que correm para horizontes longínquos...
havemos de falar das estações, dos ventos , das chuvas,
dos poemas de despedida e das memórias sem retorno.

Havemos de falar de tanta coisa, 
no dia em que resolveres desobedecer 
a esse silêncio atroz onde te mora o pensamento.

Se houver inutilidade nas minhas palavras,
que se calem os ventos, que se desarrumem os mastros 
e eu passarei a viver alheada neste barco de emoções...

Pobres de nós os justos , os tementes a Deus .
O amor é assim mesmo: será sempre código por decifrar
na espuma dos dias, em que numa roda de fogo
se vão apagando os meses e os anos...

Havemos de falar de tanta coisa ...

Quando a minha voz não passar de um eco 
na luz da tua memória...


(eu)

Fotografia- Jaroslav Monchak